sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Natal de todos os dias


Carta de Natal


Faço um pedido singelo
Em forma de poesia
Peço que todos os homens
Vivam sempre em harmonia

É Natal!
Sinos balançam
E luzes enfeitam a cidade
As famílias juntam seus filhos
E brindam a felicidade

Gente rica, gente pobre
Todos de braços dados
Como os que dividiam o Presépio
Sob o céu estrelado

Minha família é alegria
Assim como a de todos será
O sonho de uma criança
Faz o Universo girar

Obrigado pela vida
Que nos dá o mais importante
As pessoas, o amor
O instante.


André e Bruno

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Dia de bruxa



Quando a gente briga com os filhos e por um minuto esquece o filtro que segura o que não deve ser dito o resultado é uma angústia só. As palavras saem acompanhadas de uma raiva que sabemos não ser apenas do fato em si, mas de nossas pequenas frustrações diárias.

Sim, os filhos merecem reprimendas. Sim, limites são necessários. Não, a agressividade –mesmo que verbal, não é o melhor caminho. Ela apenas confirma que o argumento do amor não foi persistente o bastante para resolver uma situação delicada. Por culpa de nossa preguiça e/ou cansaço. Mas o fato é que falhou e deu espaço para que se instalassem sentimentos menos nobres e produtivos.

Quando a gente briga com os filhos nos sentimos uma bruxa em Halloween fora de época.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pavê de maracujá com chocolate



Fiz essa sobremesa na última reunião de família e acertei em cheio. Até os mais conservadores, que não gostam de nada muito melado, aprovaram. Unanimidade entre crianças e terceira idade (vão me  matar por essa...rs) o doce é leve e muito fácil de montar. Quem puder colocá-lo numa tigela bonita que valorize as cores das camadas sobrepostas, melhor ainda. O detalhe vai fazer toda a diferença na hora de servir. Daí é só enfiar o pé na jaca comer com moderação.

Você vai precisar de:

Biscoito de leite ou maisena (quantidade suficiente para forrar o fundo do recipiente escolhido)
Uma barra de 170g de chocolate ao leite
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite sem soro
1 ½ xícara de suco de maracujá concentrado (não usar a polpa da fruta)
2 caixas de pó para chantilly
6 colheres de açúcar
½ xícara de água
2 colheres de sopa de amido de milho
2 colheres de sopa de polpa de maracujá com sementes
1 ½ xícara de leite
1 colher de sopa de chocolate em pó

Mãos à massa:

Reúna na batedeira o conteúdo das duas caixas de pó para chantilly e uma xícara de leite. Bata por cerca de cinco minutos. Acrescente duas colheres de açúcar, bata novamente e reserve. Distribua no fundo de uma tigela uma fina camada do chantilly pronto.

Coloque em um prato fundo ½ xícara de leite e uma colher de chocolate em pó misturando-os na seqüência. Molhe os biscoitos de leite no líquido sem que fiquem encharcados e coloque em cima da camada de chantilly formando um “fundo” de biscoito. Quem optar pelo biscoito de maisena (me incluo neste time) pode quebrá-lo em pedaços montando uma espécie de mosaico sobre o chantilly.

Bata no liquidificador uma lata de leite condensado, uma lata de creme de leite sem soro e uma xícara de suco concentrado de maracujá (aconselho não usar a polpa da fruta). Despeje a mistura por cima da camada de biscoitos.

Pique a barra de chocolate ao leite e distribua sobre o creme de maracujá. Em seguida distribua o chantilly batido.

Leve ao fogo ½ xícara de suco de maracujá concentrado, quatro colheres de sopa de açúcar, ½ xícara de água, duas colheres de amido de milho e a polpa de dois maracujás (com as sementes), mexendo sempre. Desligue quando atingir o ponto de geléia. Reserve até esfriar levemente. Por fim, adicionar a geléia em cima do chantilly, espalhando de maneira uniforme.

Bom apetite!!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Letra e Música


A professora do André sugeriu em aula, dia desses, que a turma criasse um poema inspirado na canção Diariamente –composta por Nando Reis e eternizada pela voz macia de Marisa Monte. Sem ouvir a melodia de antemão a galerinha tinha como desafio imaginar uma letra bem bacana, que tivesse relação com seu cotidiano e que pudesse ser cantada com ritmo e afinação.
Babação de mãe à parte, meu filhote fez bonito. E de presente corri para colocar a música que deu origem ao exercício para ele conhecer. E perceber que sua composição encaixava-se direitinho na melodia. Faltou só a Marisa para cantar com a gente...

Seguindo em frente

Para limpar o sorriso: Colgate
Para conquistar um beijo: chocolate
Para fazer sucesso: televisão
Para parecer bonita: boa mão

Para jogar bola: treinar
Para não ser acertado: desviar
Para skate de dedo: tech deck
Para filme bom: Shrek
Para tomar banho: banheira
Para um bom cabelo: cabeleireira
Para saber o que é: dicionário
Para guardar as roupas: armário
Para fazer certo: assim
Para acabar o poema: fim

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Na ponta da língua...



Se toda mãe andasse com um bloquinho e ali registrasse os comentários de sua prole veria que o mundo tem muito mais sentido do que parece. As crianças é que detém a sabedoria genuína (e sem nove-horas). Aquela que não precisa ser atestada pela experiência. O meu caderninho anda na bolsa e confesso que desde o primeiro rabisco tenho achado a vida mais divertida...  

 Mãe pré-histórica
O pequeno pergunta à mãe com cara de confusão:
_Na sua época existia o Roda a Roda Jequiti (programa de caça-palavras apresentado por Silvio Santos)?

Acorda CET!
Dica do caçula à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) que anda bobeando por aí...
_A CET devia trocar a fantasia porque todo mundo vê um amarelinho de longe e corre para colocar o cinto de segurança...    
                                                                                                                                                                                                    
Oftamologista urgente!
Atenta ao lixinho do banheiro, que mostrava algo não conhecido, Luiza pergunta à produtora Maricota Maziero:
_O que é isso tia?
_ É cera... (depilatória)
_ E saiu do ouvido de quem?                                             

Politicamente incorreto
_Mãe o que é débil mental?
_É alguém que por um problema na formação do seu corpo tem muita dificuldade para entender coisas que para a gente parece fácil...
O irmão “mais velho” completa:
_É o mesmo que retardado...
_Mas não vá chamar ninguém de débil mental... -zanga a mãe.
_ É, retardado é mais fácil...

Noveleiros
Os irmãos aboletados no sofá:
_Nessa novela Cordel Encantado (exibida pela TV Globo) como é que o rei, sua família e os empregados vêm de um país tão distante e todo mundo fala tão bem Português?
O outro responde: _É tudo dublado...

Que se dane a fadinha...
O primeiro dentinho do filho cai e a mãe toda empolgada:
_Filho me dá este dente?
_Não, vou dar para a fadinha do dente...
_ Ah! Me dá vai...
_Não mãe! Vou ganhar uma moedinha...
_Eu também te dou uma moeda!!!
_Então tá bom...

Desculpa filosófica
Com preguiça de guardar o videogame na gaveta tirando-o do chão o pequeno vê a mãe fazendo o serviço e diz:
_Mãe! Não é assim que guarda, tem que enrolar direitinho os fios...
_Então por que você não guardou? Alguém pode tropeçar nele...
Com a profundidade de um guru ele sai com essa:
 _Tem coisas na vida que a gente deve arriscar...

O ganha pão
Depois de observar um vendedor de TV a cabo sentado à frente da televisão num quiosque do shopping o filho diz à mãe: -Pôxa! Esse é o melhor emprego do mundo...

A conclusão
No final da oração diz o menino:
_Mãe, Papai do Céu nunca toma chuva, né? Porque de onde ele fica no máximo molha o pé...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

É de chocolate!



Toda mãe que se preze tem que ter uma receita de bolo de chocolate na manga –ou várias delas. Porque o quitute é hour concour entre as crianças. Ao menos não conheço nenhuma que não goste. Até mesmo meu caçula, que não é chegado a doces, a-d-o-r-a!

Toda mãe que se preze tem que ter uma receita ponta firme para passar para as amigas em conversas sobre “coisa gostosa que a gente sabe fazer para os pequenos”. Daquelas que salvam a pele da mulherada que pouco abre a tampa do forno e também das matronas cheias de dicas culinárias que prometem fazer toda a diferença.

Como me esforço para ser uma mãe que se preze tenho uma receita de bolo de chocolate que entre todas as outras é a minha preferida. Mas antes vou contar dois segredos: a fórmula é a mais recente do meu caderninho e se destaca entre as vizinhas por me lembrar os bolos feitos pela minha mãe, em que a manteiga era misturada ao açúcar na batedeira por um tempinho antes dos outros ingredientes, formando um creme delicioso! Mistura que eu sempre experimentava com meu dedo curioso....

Mas um aviso às mamães incautas: a receita dá um resultado maravilhoso (uma textura dos deuses!) só que não é fácil de decorar. Então, capriche nos elogios ao quitute e prometa à colega de papo culinário que vai mandar tudo tim-tim por tim-tim por e-mail. Afinal, toda mãe moderna que se preze manda receitas por e-mail!!


Você vai precisar de:

1 xícara de margarina
2 xícaras de açúcar
4 ovos
2 ½ xícaras de farinha de trigo
1 xícara de chocolate em pó
2 xícaras de leite morno
2 colheres de sopa de fermento em pó
½ colher de chá de bicarbonato

Mãos à massa:

Bata a margarina e o açúcar na batedeira até formar um creme. Junte as gemas (uma de cada vez) e continue batendo. Acrescente aos poucos farinha de trigo, chocolate em pó e leite morno batendo por cinco minutos. Por último, coloque o fermento, o bicarbonato e as claras em neve (misturando delicadamente). Despeje a massa numa fôrma untada.

Para fazer a cobertura:

Levar ao fogo até levantar fervura os seguintes ingredientes:
¾ xícaras de chocolate em pó
2 xícaras de leite
¾ xícaras de açúcar
2 colheres rasas de sopa de margarina
Colocar no bolo ainda quente.

Bom apetite!!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Papo de anjo: direitos humanos e outras mais

Direitos Humanos
Após virar o quarto de cabeça para baixo com ajuda do irmão em brincadeiras das mais variadas ouviu da mãe:
_ Mas que bagunça! Depois que acabar a festa quero ver tudo arrumado!
Eis que ouve em tom de protesto:
_ Isso é trabalho infantil!
***
Calculadora
_ Mãe, sabe quanto é um milhão menos um milhão?
_ Quanto?
_ Zero.
_ E dois milhões menos três milhões?
_ Diga!
_ Menos um milhão!
_ Nossa filho, você aprendeu tudo isso na escola?
_ Não, aprendi com a calculadora...

                                                   ***
Ovomaníaco
_ Mãe, se na minha classe tivesse alguém chamada Gema seria tudo de bom. Já tem uma Clara!
                                                 ***
Dúvida cruel
Do enteado da atriz Juliana Araripe:
_ Você tem certeza que a vovó é mais nova do que Jesus?
                                                 ***

Curioso
_ Mãe, foi a vovó quem inventou o leque??





Namoro ou amizade?


Detalhes do cotidiano das crianças nos dão pistas da chegada sorrateira de algumas mudanças de comportamento no mundo moderno. E confesso que às vezes, mesmo sabendo que não tenho como frear a evolução das coisas, me dá vontade de segurar o ponteiro do relógio e impedir o nascimento de alguns avanços. Porque levam de pouquinho, encurtam de mansinho, o tempo de ser criança. A época do faz de conta, da ingenuidade genuína. E de presente deixam uma precocidade desnecessária (e um tanto assustadora).

Uma das novidades que tenho acompanhado de perto é a do “namorico infantil”. Sim, porque as crianças na faixa dos dez anos já estão “namorando” como acontece com alguns amigos de escola do meu filho André – o mais novo da classe do quinto ano (quinta série é coisa do passado). Namoro com direito a troca de bilhetinhos apaixonados e telefonemas depois das aulas. E não para por aí. Nos enlaces modernos a garotada também frequenta a casa de seus pares aos finais de semana.

Ouço histórias que me chegam e tento apaziguar meu atordoamento. Tá bom que as crianças de hoje têm mais maturidade e conhecimento do que tínhamos quando éramos estudantes do primário. Concordo que as descobertas atuais parecem encurtar em segundos um tanto de estrada que tivemos que percorrer por anos. Mas franzo o cenho quando os capítulos dessa novela vão se descortinando e percebo que algo parece ter saído dos eixos. Será que perdi algum detalhe no caminho?  E me lembro que quase ontem meu filho ainda se vestia de batman.

Hoje os sentimentos das meninas de dez anos aproximam-se do das adolescentes da minha época. Têm os mesmos diálogos e questionamentos. E não é exagero. Queixam-se de ciúmes e sofrem por “amor”. Porque mesmo não havendo beijos tampouco carícias no relacionamento desses pequenos casais, há drama de sobra. Por parte das meninas a palavra de ordem é ansiedade. Prima do medo de perder o namorado e cunhada da raiva das outras garotas “que dão em cima do amado”. Pode? Pode e acontece. Daí, me pergunto: será mesmo que não posso ao menos tentar frear o tempo?

O que fazer quando se sabe que algo precisa ser feito? Ainda não tenho uma resposta satisfatória (aceito sugestões). Mas sinto que me identifico com alguns caminhos. Levantar a bandeira do resgate dos papéis de carta, bolinhas de gude e brincadeiras que juntavam democraticamente a turma toda, até mesmo a patota da outra rua hoje não funciona mais. Soa como papo de tia velha –too over.

Mas não posso incentivar os namoricos de faz de conta que se criam com a seriedade dos compromissos reais (com encontros regulares e exigência de comportamentos). Porque não entendo que nesse momento da vida dessa garotada o amor deva ser considerado mais importante do que todo o resto. O caminho do amor –necessário e maravilhoso, sim, deve ser apreciado no tempo e na velocidade que merece para que tenha verdadeiro significado lá para frente. A rapidez traz superficialidade. E assim me pergunto: como estarão namorando daqui a três anos? Xiiiii......

Percebo uma movimentação estranha de telefonemas, mensagens e risadinhas. O André ainda não está “namorando”, mas já planejo uma estratégia –sabidamente frágil, de ação. O namoro não será problema, mas sempre parte dos outros bônus da amizade. Trocando em miúdos: minha norinha será bem-vinda assim como toda a turma. Sempre com toda a turma. Casa cheia, coração cheio. Ai, que saudade da fantasia de batman.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sorvete de pudim


Ontem fizemos uma receita supimpa a seis mãos –Bruno colocando e mexendo os ingredientes, eu batendo as claras e levando tudo ao fogão e o Cris (não basta ser pai, tem que participar) caramelizando a fôrma. Não, não se trata de nada muito complicado de realizar. É que sobremesa preparada com uma boa dose de bagunça faz toda diferença. Principalmente quando se conta com a cumplicidade e curiosidade das crianças. O resultado é um sorvete delicioso, com gostinho de pudim e visual incrível depois de desenformado. Dá até para dizer que foi comprado em doceria! De lamber os beiços!

Você vai precisar de:

Uma lata de leite condensado
Duas latas de leite
Cinco ovos
Cinco colheres de açúcar
Uma lata de creme de leite (sem soro)
Três colheres de chocolate em pó
Um copo de água

Mãos a obra:

Misture o leite condensado com leite e cinco gemas e leve ao fogo até ferver. Reserve e deixe esfriar. Bata as claras em neve e vá acrescentando aos poucos o açúcar (sempre batendo) até formar um merengue. Juntar o creme de leite e misturar delicadamente. Em uma vasilha, misturar os dois cremes até ficar homogêneo. Caramelizar uma fôrma de pudim e reservar. Colocar a mistura na fôrma e preparar a calda de chocolate. Levar ao fogo, até ferver, a água e o chocolate e, então, adicionar, ainda quente, ao creme. Depois de um dia no freezer o sorvete pode ser desenformado.

Bom apetite!

PS: Obrigada Malu pela dica!!!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Minutinho de limão


Não foi minha mãe quem ensinou para os bermudinhas esta receita super gostosa e fácil de fazer . Mas bem que podia ter sido! O fato é que nada mais atraente do que abrir uma página com dicas de guloseimas (vai ficar sempre lá no alto com a última novidade) fazendo referência às receitas com gosto de comida de vó, que misturam nos ingredientes os chamegos e memórias que envolveram nossa infância. Os quitutes têm aroma de passado bom, gosto de artes que não foram repreendidas e texturas de histórias que não saem da lembrança.

Imagino que seria muito divertido vê-los juntos na cozinha, preparando esse mousse de limão que chamamos aqui em casa de "Minutinho de limão".  Leva mesmo um minutinho para fazer e não há perigo em deixar os pequenos à frente da empreitada. Bom apetite e vamos lá!

Ingredientes:

Uma lata de leite condensado
Uma lata de creme  de leite
Suco de um limão

Modo de fazer:

Bata os ingredientes por um minuto e despeje o líquido em copinhos plásticos. Enfeite com raspas de limão e leve à geladeira. Após duas horas a sobremesa já pode ser apreciada.
Rende oito porções.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Encontro com a poesia


Não conheço quem não goste de ouvir uma boa história. Melhor ainda, quanto mais estranha pareça ser, mais diferente do seu universo, do jardim que costuma vislumbrar da janela do quarto. É como se em contato com essas esquisitices pudéssemos colocar para fora sentimentos que não cabem em nossa própria narrativa, mas que mesmo assim vivem a nos pedir colo.
Conheço muita gente que não gosta de ouvir poesia. Que não consegue entender a beleza que às vezes não põe mesa ou o tempero da rima feita com esmero. Mas não se trata a poesia de nada mais nada menos do que uma história –ou fragmentos dela e de outras tantas, que se cria e eterniza ao som de melodias imaginárias? Uma narrativa que se forma da mistura da imaginação de quem escreve com a de quem lê? Como um terceiro paladar que se produz com a união do vinho com a refeição?
Nada mal. Mas o romantismo do argumento não convenceu meus pequenos a trocar um livro de histórias dos irmãos Grimm por um de poemas do José de Nicola noite dessas. Saquei em minha defesa a história da salada.
_Mas vem cá... quem é que fazia cara de tatu quando eu colocava salada no prato?
_Ah! Mãe não vem de novo com a história da salada!!
_Pois é... E quem agora briga quando não tem salada no almoço? Tudo nessa vida é exercício minha gente. (coloque aí uns blá blá blás de mãe que sabe quando deve vencer a briga)
Sempre funciona. A história da salada é tão infalível quanto dar de presente o CD do Paulinho da Viola em amigo oculto. Sempre dá certo. O fato é que escolhi na estante dos bermudas o livro Entre ecos e outros trecos, escrito por Nicola, autor de muitos de meus livros de Português do primário.
Então me diverti declamando os poemas que trazem com grande beleza o cotidiano do autor na cidade do interior em que vive. Em relevo macaco, bem-te-vi, pica-paus, aranhas e bichos grilo. E até outros trecos, como histórias de nuvens e estrelas, da rotina na escola e de personagens engraçados como a Maria Comilona que estampa a capa do livro, em belos traços de Maria Eugênia.
Em outras oportunidades o título nos acompanhou noite adentro. E nos fez imaginar nossas histórias dentro das histórias que vinham com rima. E observar, como fez meu caçula, que a poesia “é uma história que não vem pronta”. E chegar bem perto do que pensou o grande poeta Manoel de Barros quando escreveu “poesia é voar fora da asa”. E que assim como salada, poesia, faz falta.

terça-feira, 1 de março de 2011

Tra-la-laaaa...


Mais rápido que um elástico solto depois de esticado; mais poderoso que uma cueca samba canção e capaz de pular sobre arranha-céus sem a cueca apertar suas pernas... Esses são os atributos do super-heroi que acabei de conhecer, mas que já é febre entre as crianças há muito tempo. Por conta não de uma cueca, mas de uma bermuda fui apresentada a essa hilariante figura que sem cansaço luta contra as forças do mal. E só de cueca! Meu filho mais velho escolheu na biblioteca da escola o livro com a primeira aventura do personagem -de uma série de 8!

Estou falando do destemido Capitão Cueca. Tra-la-laaaa...Como? Não conhece? Nunca ouviu falar? Com certeza você tem 32 dentes e anda bem por fora do que acontece no mundo dos pequenos. Sim, ele é o heroi preferido da garotada na faixa dos 7 aos 10 anos. E de alguns pais também -como eu!

Editado pela Cosac & Naify o livro acompanha as estripulias de dois amigos-vizinhos Jorge Beard e Haroldo Hutchins (que aparentam ter uns 8 anos e pouco) na Escola de Primeiro Grau Jerome Horwitz. A dupla super responsável (quando alguma coisa acontece são sempre os responsáveis) e de uma veia artística muito forte (vivem fazendo arte) é a criadora do personagem de “poderes cuequísticos”. No fundo do quintal da casa de Jorge, mais precisamente na casa da árvore, em meio a pilhas de papel e um engradado de lápis e canetas nasceu nosso heroi. Haroldo é o inventor dos desenhos e Jorge o criador das aventuras. O resultado disso tudo é um gibi divertidíssimo que os inseparáveis arteirinhos vendem na porta da escola a cinqüenta centavos.

O livro é muito divertido e uma delícia de ser lido. Tem a pegada de "coisa proibida" que as crianças tanto gostam e se identificam. Como a lista de coisas engraçadas, mas completamente "fora da lei" que Haroldo e Jorge aprontam na escola - o pó de mico colocado no pom pom das líderes de torcida e o sabão nos instrumentos de sopro da banda do colégio.  Saltam aos olhos, também, (dos adultos, mas principalmente das crianças) os erros de português da dupla presentes nos diálogos do gibi artesanal. Prova de que é mesmo feito pelos dois pestinhas! Até o diretor do colégio (Sr. Krupp) não escapa das empreitadas. Numa hipnoze realizada pelos garotos o ranzinza se transforma no próprio Capitão Cueca - com direito a circular com uma capa feita de cortina, sem sua peruca  e com seu cuecão.

Sem falar no jogo do "vire-o-game" proposto pelo autor (uma aventura para os leitores). Nas cenas de "ação" da história as crianças podem balançar para frente e para trás uma das páginas do livro criando um movimento de cenas, com efeito de desenho animado. Genial!

Vale lembrar aos filhotes que a história é boa, engraçada, mas fruto da imaginação do autor Dav Pilkey – que criou o personagem aos doze anos. E aí está a grande sacada. Brincar com a ausência de limites é uma ótima maneira de discuti-los. Abre-se a oportunidade de colocar em pauta a questão da vida em sociedade. Fazê-los pensar sobre a noção de liberdade. Só há liberdade quando conhecemos nossos limites e o dos outros; e sabemos aproveitar a vida a partir disso. Porque a realidade nos pede essa consciência do outro. E a felicidade também.

O palhaço brinca no palco com suas desventuras e mazelas, mas sabe que quando tira a fantasia é simplesmente um homem. E que terá que lidar no mundo real com as mesmas desventuras e mazelas. Ainda assim isso pode ser divertido (ou desafiador). Tra-la-laaaa...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Declaração de amor

Quando me tornei mãe pude observar na prática o que já havia lido em revistas e livros especializados: o choro do bebê tinha muitos significados. Não era apenas conversa de gente antiga ou história para boi dormir. Para cada necessidade o pranto se fazia diferente mesmo e pude com o tempo treinar o ouvido para saber o que cada som queria de mim.

Com o choro eu também me comuniquei com a vida que eu apresentava ao mundo. E com ele vez ou outra continuo me expressando, de várias formas e intensidades, torcendo para que os meninos também treinem sua sensibilidade e o entendam como uma declaração de amor e não coisa de bebê chorão.

Quando me tornei mãe escrevi o texto que divido com vocês. E que jogue o primeiro lencinho quem nunca chorou ao ver nos olhos de um rebento a sua vida estampada.

Meu choro que parecia único não foi o último. Um choro que trouxe minha vida inteira naquele momento e, ao mesmo tempo, uma tranqüilidade absurda. Não contei o os dedinhos dos pés e das mãos do meu bebê, não fiz a análise da anatomia que as mães costumam fazer. Encontrei a perfeição naquele choro forte dele, de aviso a que veio. Eu entendi. Ele também me compreendeu. Meu choro cúmplice lhe disse um pouco de mim. A seqüência das cenas perdia sua linearidade e importância. A história podia começar ou terminar em qualquer ponto. O tempo foi coadjuvante. Meu choro, que parecia único, não foi o último. De todos os outros esse foi o mais verdadeiro. Me presenteou com uma generosidade desconhecida. Uma entrega sem limites. Eu choro, assim ainda algumas vezes. Quando percebo nos olhos dele uma saudade do nosso encontro”.

Simples assim


Folheando a apostila do meu caçula me surpreendi com uma das atividades realizadas em sala de aula. O exercício pedia que a criança desenhasse o que considerava mais importante na sua vida; algo que se um dia se perdesse no espaço faria muita falta. Os traços não traziam sua velha bola de futebol, nem mesmo seus bonecos-herois ou seu vídeo-game. Não é que meu pequeno desenhou sua família?

Fiquei emocionada não somente pelo gesto de carinho, mas pela profundidade de sua reflexão de maneira tão simples e rápida. Imaginava que na cabeça dos miúdos a família fosse como uma extensão de seu corpo e nunca pudesse ser desmembrada do todo. Então, numa pergunta como a colocada em exercício outros objetos de afetividade ganhariam mais espaço na memória.

A simplicidade das crianças por vezes não nos deixa enxergar a complexidade de seus pensamentos. Vão mais fundo que nós em interpretações sobre fatos cotidianos nos lembrando que tamanho não é documento. Enquanto temos alguns entraves para semear o joio do trigo, porque nossa experiência de gente grande nos guia por rotas alternativas, eles cortam caminho imunes a distrações.

Não é tão simples assim, no mundo dos adultos, resolver alguns exercícios de vida com tamanha objetividade – guardadas as devidas proporções.  Para os que ainda acreditam que criança “não entende nada” subestimando sua habilidade em refletir sobre o que a cerca, muito cuidado. Um dia o pensamento vira desenho.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lição de casa

Todos os dias eles chegam da escola fazendo muito barulho. O corpo parece insuficiente para traduzir o turbilhão de emoções vividas em sala de aula. Além da fala –empolgada e rápida como dos locutores esportivos; o movimento dos braços, das pernas e até das mochilas ajudam a completar o contexto. São meninos.

No meio de tantas novidades há espaço garantido para contar o que trazem de lição de casa. Fico feliz por a encararem como diversão. Assim, sou imediatamente incluída no exercício diário deles, como mais um soldado do pequeno exército de bermudas que tenho em casa.  

Ajudo com algumas idéias e elogio as deles num entusiasmo verdadeiro. Reconheço com gratidão que tenho uma missão muito importante neste mundo. Fazer com que com minhas sementes, estas partezinhas de mim que necessitam ser alimentadas não só de pão, mas, e principalmente, de valores, ele se torne melhor. Essa é a minha lição de casa.