terça-feira, 1 de março de 2011

Tra-la-laaaa...


Mais rápido que um elástico solto depois de esticado; mais poderoso que uma cueca samba canção e capaz de pular sobre arranha-céus sem a cueca apertar suas pernas... Esses são os atributos do super-heroi que acabei de conhecer, mas que já é febre entre as crianças há muito tempo. Por conta não de uma cueca, mas de uma bermuda fui apresentada a essa hilariante figura que sem cansaço luta contra as forças do mal. E só de cueca! Meu filho mais velho escolheu na biblioteca da escola o livro com a primeira aventura do personagem -de uma série de 8!

Estou falando do destemido Capitão Cueca. Tra-la-laaaa...Como? Não conhece? Nunca ouviu falar? Com certeza você tem 32 dentes e anda bem por fora do que acontece no mundo dos pequenos. Sim, ele é o heroi preferido da garotada na faixa dos 7 aos 10 anos. E de alguns pais também -como eu!

Editado pela Cosac & Naify o livro acompanha as estripulias de dois amigos-vizinhos Jorge Beard e Haroldo Hutchins (que aparentam ter uns 8 anos e pouco) na Escola de Primeiro Grau Jerome Horwitz. A dupla super responsável (quando alguma coisa acontece são sempre os responsáveis) e de uma veia artística muito forte (vivem fazendo arte) é a criadora do personagem de “poderes cuequísticos”. No fundo do quintal da casa de Jorge, mais precisamente na casa da árvore, em meio a pilhas de papel e um engradado de lápis e canetas nasceu nosso heroi. Haroldo é o inventor dos desenhos e Jorge o criador das aventuras. O resultado disso tudo é um gibi divertidíssimo que os inseparáveis arteirinhos vendem na porta da escola a cinqüenta centavos.

O livro é muito divertido e uma delícia de ser lido. Tem a pegada de "coisa proibida" que as crianças tanto gostam e se identificam. Como a lista de coisas engraçadas, mas completamente "fora da lei" que Haroldo e Jorge aprontam na escola - o pó de mico colocado no pom pom das líderes de torcida e o sabão nos instrumentos de sopro da banda do colégio.  Saltam aos olhos, também, (dos adultos, mas principalmente das crianças) os erros de português da dupla presentes nos diálogos do gibi artesanal. Prova de que é mesmo feito pelos dois pestinhas! Até o diretor do colégio (Sr. Krupp) não escapa das empreitadas. Numa hipnoze realizada pelos garotos o ranzinza se transforma no próprio Capitão Cueca - com direito a circular com uma capa feita de cortina, sem sua peruca  e com seu cuecão.

Sem falar no jogo do "vire-o-game" proposto pelo autor (uma aventura para os leitores). Nas cenas de "ação" da história as crianças podem balançar para frente e para trás uma das páginas do livro criando um movimento de cenas, com efeito de desenho animado. Genial!

Vale lembrar aos filhotes que a história é boa, engraçada, mas fruto da imaginação do autor Dav Pilkey – que criou o personagem aos doze anos. E aí está a grande sacada. Brincar com a ausência de limites é uma ótima maneira de discuti-los. Abre-se a oportunidade de colocar em pauta a questão da vida em sociedade. Fazê-los pensar sobre a noção de liberdade. Só há liberdade quando conhecemos nossos limites e o dos outros; e sabemos aproveitar a vida a partir disso. Porque a realidade nos pede essa consciência do outro. E a felicidade também.

O palhaço brinca no palco com suas desventuras e mazelas, mas sabe que quando tira a fantasia é simplesmente um homem. E que terá que lidar no mundo real com as mesmas desventuras e mazelas. Ainda assim isso pode ser divertido (ou desafiador). Tra-la-laaaa...

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