Folheando a apostila do meu caçula me surpreendi com uma das atividades realizadas em sala de aula. O exercício pedia que a criança desenhasse o que considerava mais importante na sua vida; algo que se um dia se perdesse no espaço faria muita falta. Os traços não traziam sua velha bola de futebol, nem mesmo seus bonecos-herois ou seu vídeo-game. Não é que meu pequeno desenhou sua família?
Fiquei emocionada não somente pelo gesto de carinho, mas pela profundidade de sua reflexão de maneira tão simples e rápida. Imaginava que na cabeça dos miúdos a família fosse como uma extensão de seu corpo e nunca pudesse ser desmembrada do todo. Então, numa pergunta como a colocada em exercício outros objetos de afetividade ganhariam mais espaço na memória.
A simplicidade das crianças por vezes não nos deixa enxergar a complexidade de seus pensamentos. Vão mais fundo que nós em interpretações sobre fatos cotidianos nos lembrando que tamanho não é documento. Enquanto temos alguns entraves para semear o joio do trigo, porque nossa experiência de gente grande nos guia por rotas alternativas, eles cortam caminho imunes a distrações.
Não é tão simples assim, no mundo dos adultos, resolver alguns exercícios de vida com tamanha objetividade – guardadas as devidas proporções. Para os que ainda acreditam que criança “não entende nada” subestimando sua habilidade em refletir sobre o que a cerca, muito cuidado. Um dia o pensamento vira desenho.
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