segunda-feira, 23 de abril de 2012

Exercício



Dizem por aí que o homem deve tomar três atitudes antes de deixar o mundo por morte morrida ou morte matada. Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Porque assim deixaria suas sementes na terra, perpetuaria sua existência nunca partindo definitivamente.

Eu assino em baixo. E vou seguir à risca a recomendação, mesmo não tendo tanta pressa. Porque acredito que tenha o dever de deixar para a posteridade um pedacinho do que há de melhor em mim. Que tenha o compromisso de fazer a diferença neste mundo e que ela seja sempre a semente de um amanhã melhor. Porque quando uma semente dá as mãos para outras não há como ser diferente.

 Meu grande sonho faz parte desse contexto e hoje é realidade. O desejo de ser mãe. De gerar frutos de laços tecidos pelo amor. De semear a esperança tão miúda nesses tempos de violência. Porque ter um filho é, acima de tudo, acreditar que a vida vale a pena.

 O filho é nossa porção de fé nos homens. Porque nos dá a chance de construir valores que nos são caros. E de aprender como nunca poderíamos se aquele outro ser não fosse parte de nós. De enxergar a diferença como algo que agrega e nunca corrói. De ser gente. Porque saímos do nosso umbigo e caminhamos até o outro universo, em que um rostinho indefeso nos sorri.

Gerar é um sonho ambicioso. De quem sabe que o caminho não será sempre de flores. Mas para mim, parafraseando o título de um livro “Só as mães são felizes”. Buscaria este sonho grandioso mesmo que o tempo para realizá-lo fosse também superlativo.


Se tiver que deixar o mundo por morte morrida ou morte matada (prefiro morte morrida) levo o presente da maternidade.  Que me perdoem a árvore que não plantei e o livro que não escrevi.